quinta-feira, 9 de abril de 2009

Demonstração da Renault termina em acidente




Meia-entrada


Se eu tivesse ido ao Semi Grande Prêmio da Malásia (ah, como eu queria ter condições de ir...) eu pediria metade do meu dinheiro de volta. Perdemos parte de uma corrida, que estava boa e tinha tudo para melhorar, por causa da patacoada dos senhores Mosley e Ecclestone. Resolveram marcar o GP de Sepang às 17h00 (horário local), para agradar à TV e ao público europeu. Entretanto esqueceram de consultar (ou ignoraram) as condições meteorológicas da região nessa época do ano. Se perguntassem para um nativo de lá, iriam receber a resposta de que “a essa hora chove, e muito, todo fim de tarde...”

Resultado: se o GP fosse no horário convencional a corrida poderia ter sido completa. E os europeus, se não quisessem acordar mais cedo, iriam ver a mesma coisa que viram no último fim de semana, ou seja, metade da corrida.

Enfim. Vamos falar mesmo da prova. Button saiu na pole novamente. Mas dessa vez não largou tão bem. Foi ultrapassado por Trulli e viu Rosberg fazer excelente largada e pular pra ponta. Outro que largou muito bem foi Alonso. O espanhol saltou de sétimo para quarto. Mas o carro não ajudou e o bi-campeão perdeu contato rapidamente com o pelotão da frente. Aliás, a turma do KERS (Alonso, Piquet, Massa, Raikkonen) começou muito bem. Parece que o equipamento faz diferença na largada.

Barrichello iniciou bem a prova. Largou em oitavo, pulou pra sexto, ultrapassou Alonso na quarta volta e pôde recuperar o tempo perdido com o trio que vinha frente. Após a primeira rodada de pardas, Button reassumiu a liderança. Segundos depois começou a chover fraco. Barrichello tinha que parar e optou por continuar com pneus slick, assim como os líderes.

Com o aumento da chuva, a maioria dos pilotos e equipes se enrolaram nas táticas e fizeram com que vários pit stops fossem necessários. Webber e Glock, que optaram por pneus intermediários com o início da chuva, escolheram a melhor estratégia e se deram bem. O australiano foi o sexto, enquanto o alemão terminou em terceiro.

Button, que viu o rendimento dos dois, tratou de pôr os pneus intermediários e segurou a liderança até o fim precoce da prova. Outro que acertou a mão foi Nick Heidfeld. Como avisei no post anterior, o garoto fora pra corrida com o carro lotado de combustível e poderia surpreender. Com gasolina de sobra no tanque, o alemão pôde escolher a melhor hora para parar e colocar pneus adequados conseguindo uma ótima segunda colocação. Heidfeld fez apenas um pit stop, enquanto os outros pilotos que terminaram a prova fizeram três ou quatro.

Barrichello terminou em quinto. Mas poderia ter ido melhor, caso a Brawn arriscasse usar pneus intermediários com o brasileiro, já que estava com a vitória nas mãos de Button.

Em resumo, os carros de Brawn e Toyota novamente se destacaram. Mais uma vez, Ferrari e, principalmente, Williams, perderam a oportunidade de fazerem ótimas corridas. Enquanto McLaren e Renault continuam no bagaço. A Red Bull continua surpreendendo. Dessa vez com Webber.

A cena mais engraçada do dia ficou a cargo de Kimi Raikkonen
Enquanto todos os pilotos se concentravam para uma possível relargada, o finlandês desfilava pelos boxes de bermuda, boné e comendo um picolé. Todos pensaram que era mais uma do homem do gelo. Que independentemente de ter relargada, o rapaz já teria se decidido em não continuar. Entretanto, a Ferrari tinha apresentado problemas com o KERS e o finlandês foi, realmente, obrigado a abandonar. Mas que foi engraçado foi! Confira no vídeo abaixo a "tradução" do diálogo de Kimi e seu mecânico, postada no youtube pelo internauta Rodrigo Mörth:




sábado, 4 de abril de 2009

Peso da galera para amanhã

A FIA já divulgou os pesos dos carros para a corrida de amanhã. Dá para tirar algumas conclusões sobre a quantidade de combustível que cada carregará.

Sebastian Vettel (ALE/Red Bull), 647 kg
Adrian Sutil (ALE/Force India), 655,5 kg
Nico Rosberg (ALE/Williams), 656 kg
Mark Webber (AUS/Red Bull), 656 kg
Jarno Trulli (ITA/Toyota), 656,5 kg
Timo Glock (ALE/Toyota), 656,5 kg
Jenson Button (ING/Brawn), 660 kg
Kimi Raikkonen (FIN/Ferrari), 662,5 kg
Robert Kubica (POL/BMW), 663 kg
Rubens Barrichello (BRA/Brawn), 664,5 kg
Sébastien Bourdais (FRA/Toro Rosso), 670,5 kg
Fernando Alonso (ESP/Renault), 680,5 kg
Giancarlo Fisichella (ITA/Force India), 680,5 kg
Nelsinho Piquet (BRA/Renault), 681,9 kg
Kazuki Nakajima (JAP/Williams), 683,4 kg
Sébastien Buemi (SUI/Toro Rosso), 686,5 kg
Lewis Hamilton (ING/McLaren), 688 kg
Heikki Kovalainen (FIN/McLaren), 688,9 kg
Felipe Massa (BRA/Ferrari), 689,5 kg
Nick Heidfeld (ALE/BMW), 692 kg

A Brawn de Button é a grande favorita. Mesmo com o carro mais pesado que alguns pilotos, o inglês cravou a pole. Vettel, punido com a perda de dez posições no grid, preferiu entrar leve no Q3 para largar o mais na frente possível. Barrichello, outro punido, mas com cinco posições, apostou numa primeira perna mais longa. O caso de Alonso é interessante. O espanhol, com talento, consegue chegar ao Q3, aí ele entope o carro de gasolina, larga em décimo mesmo e vai para a guerra. Hamilton, Kovalainen e Massa, largando em 12º, 14º e 16º respectivamente, também irão para a corrida com bastante combustível. É bom ficar de olho em Heidfeld. O alemão larga em décimo, com o tanque muito cheio e, se o carro se apresentar melhor do que em Melbourne, pode fazer uma boa corrida.

Button pole. Brasileiros mal no grid.

Fim do treino classificatório em Sepang. Brawn, Toyota e Willians ocupam as primeiras posições. Button novamente na pole, Trulli em 2º, Glcok o 3º. Barrichello, punido em cinco posições por trocar o câmbio, sai em 8º. Vettel, com uma RBR acima das expectativas nesse início de ano, penalizado em dez posições pelo incidente com Kubica na Austrália, sai em 13º.

Por enquanto muito pouca diferença entre a hierarquia de forças das equipes demonstrada na primeira etapa. A surpresa do dia fica por conta da Ferrari que havia andado bem nos treinos de sexta. Raikkonen sai em 7º, enquanto Felipe Massa foi apenas o 16º (?!). Sim! É isso mesmo. O brasileiro e a equipe acreditaram que as voltas do piloto no início do Q1 eram suficientes para passar para o Q2 e Massa acabou ficando precocemente fora do treino. Mais uma lambança das Organizações Maranello! Que, diga-se de passagem, vem acumulando erros grosseiros, desde o ano passado.

Piquet errou na volta rápida e fez apenas o 17º tempo. Parece mesmo que o piloto não encaixou bem na F1. Se não virar o jogo logo (e é logo mesmo), começa a contagem regressiva...

Enquanto isso, seu companheiro de Renault, Fernando Alonso, consegue a façanha de colocar o limitado carro da equipe no Q3, em 9º lugar. Outro campeão mundial, Lewis Hamilton, largará em 12º.

Promessa de mais uma corrida emocionante amanhã!

Lewis Hamilton em:

Últimas voltas do GP de Melbourne. Kubica e Vettel disputam a segunda posição. Os dois batem. Safety Car na pista. Proibido ultrapassar. Trulli dá uma escapada e perde a posição para Hamilton. Até aí tudo bem, pois o piloto italiano errou. Mas Hamilton e McLaren ficam na dúvida se o ganho de posição é passível de punição. Ambos conversam no rádio. A equipe tenta esclarecer a questão com a direção de prova mas não consegue contato. McLaren e piloto, por precaução, decidem devolver a posição a Trulli.

Entretanto, ao fim da corrida, McLaren, através do diretor esportivo David Ryan e Hamilton declaram aos comissários que o piloto estava “distraído” observando a velocidade no painel quando foi ultrapassado pelo piloto da Toyota. Tudo isso para tentarem recuperar a terceira posição fora da pista.

Foi o que aconteceu. Por alguns dias apenas. Trulli foi punido por ultrapassar com o Safety Car na pista e o inglês herdou a posição no pódio. Mas quando os comissários solicitaram a conversa de rádio entre Hamilton e McLaren, descobriram que o piloto da McLaren cedeu a posição deliberadamente.

Resultado. Foi considerado que Hamilton e McLaren agiram de má fé, tentando ludibriar os comissários a fim de obter vantagem. Piloto e equipe foram desclassificados do GP. Exagero? Para mim não. Não se deve dar espaços para esses tipos de atitudes anti-desportivas. Contudo, não sei se, caso fosse outra equipe, a FIA teria a mesma atitude. Já que a entidade está com a equipe entalada na garganta desde o episódio de espionagem em 2007.

Para tentar apagar a imagem ruim deixada com a atitude ruim do GP de Melbourne, Hamilton deu entrevista coletiva pedindo desculpas, dizendo que foi orientado pela equipe e jurando que nunca mais algo parecido iria acontecer. A McLaren, para salvar a aura de bom moço do menino, considerou a falha no episódio como local, colocando a culpa em David Ryan, que foi suspenso pela equipe. Ryan pode ter sido culpado sim, mas não foi o único, a equipe estava ciente de tudo. O diretor esportivo, que atua na categoria desde 74, acabou pagando o pato para que os figurões da F1 não saíssem com a imagem mais arranhada ainda.

É melhor a escuderia prateada abrir o olho e parar de se meter em tramóias. Uma imagem associada a episódios negativos com tanta freqüência pode afastar patrocinadores. Se bem que estes já superaram o escândalo da espionagem, mas se as atitudes da equipe continuarem assim, aí...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Viva o imprevisível!


Estou de volta! E a F1 também! Já estava com saudade dos carros na pista e cansado das picuinhas de bastidores. Ainda mais depois da ameaça dos tios Mosley e Ecclestone de destruírem a categoria com o sistema de vitórias, que graças a Deus foi adiado para 2010 e deverá ser abortado até lá.

E logo de cara um GP da Austrália emocionante! A pista de Melbourne é tradicional por propiciar corridas imprevisíveis e não seria em 2009, com tantas mudanças de regulamento, que teríamos um domingo monótono!

Como já estamos nos aproximando da segunda etapa, vou deixar apenas pequenas apreensões que tive da primeira corrida.

Os últimos serão os primeiros?

Temos uma nova hierarquia de forças na F1? Sim, temos. Entretanto é muito cedo falar que "a Brawn vai ser campeã", "Ferrari e Mclaren não irão a lugar nenum". Nunca presenciei uma temporada tão aberta de possibilidades.

A Brawn GP realmente disponta na frente. E não é só pelos difusores mágicos não. O carro é bom, muito bom. E a equipe parece estar no caminho certo para ser competitiva o ano inteiro. "O curioso caso de Jenson Button" levou o prêmio de melhor piloto na Austrália com merecimento. Rubens, mais rápido no Q1 e Q2 no sábado, perdeu de lavada pro companheiro no Q3. Na corrida, largou mal, caiu pra oitavo, se envolveu em [sessão da tarde] altas confusões [/sessão da tarde], e mesmo assim chegou em segundo. Como meus colegas disseram, a Brawn começou o ano no modo easy.

As outras duas equipes pertencentes ao grupo dos difusores mágicos: Williams e Toyota, que se mostraram muito bem nos treinos, não tiveram tão bons resultados na corrida. No caso da Williams faltou piloto e estratégia: Nakajima é fraco, Rosberg é bom, mas nada demais. E a perna longa para os pneus macios acabou com a boa corrida do alemão. Já a Toyota tinha carro pra disputar pódio. Se classificou bem no grid, mas largou atrás por irregularidades nos aerofólios traseiros. Trulli e Glock fizeram corridaças! Mas o italiano vacilou, passou Hamilton com o safety car na pista e jogou tudo fora. Glock foi o quarto.

Além dessas três equipes que se mostraram competitivas nessa primeira corrida, houve mais dois pilotos que conseguiram andar lá na frente: os promissores Kubica com a BMW e Vettel com a Red Bull. Dois incríveis pilotos, muito potencial! Fizeram um fim de semana quase perfeito, deram banho nos companheiros de equipe... Mas jogaram tudo fora por inexperiência a algumas voltas do fim. Kubica, na ânsia por tentar alcançar Button, forçou demais por fora. O alemão, achando que ainda dava pra segurar, mesmo com rendimento bem abaixo que o adversário, forçou demais por dentro. Resultado: muro pros dois.

E não achem que as outras equipes estão mortas. Não duvide do potencial, principalmente da Ferrari, BMW e McLaren. Quando o difusor mágico for liberado ou proibido, e o primeiro grande pacote de evoluções dos carros for pra pista, teremos um cenário mais real do que pode ser a temporada. Aposto em grande crescimento durante o ano dessas três equipes que mencionei. Creio que as duas primeiras ainda vão disputar o título. A escuderia de Maranello precisa ainda melhorar a confiabilidade dos carros e a McLaren terá que trabalhar muito se quiser brigar lá na frente também.

"Mas Hamilton já chegou em terceiro.", dirão. É, isso mostra que ele é um ótimo piloto, assim como Alonso que chegou em quinto, também é. E não que a McLaren é um ótimo carro, assim como a Renault, que não nasceu legal, também não é. Os dois campeões mundiais fizeram o máximo que podiam (e tenham certeza que isso é coisa pra caramba!), e chegaram lá na frente beneficiados por quebras e batidas.

De resto temos Force India e Toro Rosso, que parecem mesmo que vão ficar lá por trás mesmo.

Nas próximas 2 ou 3 corridas parece que ainda teremos esse cenário de forças descrito acima. Entretanto, como eu disse, não dá para garantir que essa hierarquia será definitiva esse ano. Viva o imprevisível! Viva a Fórmula 1 2009!